A indústria da música enfrenta um desafio significativo com a proliferação de streams fraudulentos, que resultam em perdas bilionárias anuais.
A indústria da música está enfrentando um desafio significativo com a crescente incidência de streams fraudulentos, resultando em perdas bilionárias anuais. Grupos especializados em fraude estão lucrando com royalties ao subir milhões de músicas falsas em plataformas de streaming, fingindo ser os artistas responsáveis por essas obras. Estima-se que pelo menos 10% de todas as músicas transmitidas globalmente sejam fraudulentas.
A empresa de tecnologia Beatdapp, especializada na detecção de fraudes em streams, alerta que esses streams falsos desviam entre 2 e 3 bilhões de dólares da indústria musical mundial a cada ano. Em 2023, foram registrados 7,1 trilhões de streams de músicas, com uma receita de 19,3 bilhões de dólares, conforme dados da Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFPI).
O streaming representa mais de dois terços da receita da indústria, tornando-se um alvo atraente para fraudadores que utilizam contas falsas ou roubadas para reproduzir músicas que eles próprios carregaram nas plataformas. Esses fraudadores recolhem pagamentos de royalties que deveriam ir para os artistas verdadeiros.
Os fraudadores operam ao carregar milhões de músicas falsas em serviços de streaming e gerar reproduções através de contas falsas ou contas reais com dados roubados. Dessa forma, eles acumulam royalties que, de outra forma, seriam destinados aos verdadeiros detentores dos direitos autorais das músicas.
Andrew Batey e Morgan Hayduk, co-CEOs da Beatdapp, explicam que todos os envolvidos na cadeia de fornecimento de música digital perdem dinheiro devido a essas fraudes. Isso ocorre porque a receita gerada por taxas de assinatura e publicidade é distribuída com base nas reproduções de streaming. Quando essa distribuição é manipulada por fraudadores, o dinheiro que deveria ir para artistas, gerentes, agentes, advogados, gravadoras e distribuidores é desviado para os golpistas.
As plataformas de streaming têm introduzido multas e alterações nos modelos de pagamento de royalties para tentar deter a fraude. No início do ano, o Spotify introduziu uma multa para gravadoras e distribuidores quando “streaming artificial flagrante” é detectado no conteúdo que eles lançam na plataforma.
Phil Kear, secretário assistente geral da Musicians’ Union, sugere que uma mudança no modelo de contabilidade usado pelos serviços de streaming poderia combater a fraude. Um modelo de contabilidade “centrado no usuário” significaria que a taxa de assinatura mensal de um ouvinte seria distribuída entre os artistas que ele ouve. Isso poderia impedir que os piratas lucrassem, pois eles precisariam pagar mais do que conseguiriam ganhar com streams fraudulentos.
A batalha contra os streams fraudulentos é essencial para proteger a integridade e a sustentabilidade da indústria musical. Medidas mais rigorosas e modelos de pagamento mais justos são passos importantes para garantir que os verdadeiros artistas e profissionais da música recebam a compensação que merecem. Enquanto isso, a conscientização sobre o impacto dessas fraudes é crucial para que todos os envolvidos no setor possam colaborar na busca por soluções eficazes.